Foto: divulgação
Gustavo Bertoni é um dos principais
compositores da nova geração. Entre lançamentos frequentes de discos renomados
e presença nos festivais mais importantes do Brasil como (Rock In Rio, Lollapalooza,
Mada, Bananada...), assim como festivais gringos (SXSW em Austin
e Indie Fest em Toronto), Bertoni vem construindo uma carreira sólida e com um
público fiel, carrega duas indicações ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock
(2016 e 2019), tendo ganhado em 2016.
Para falar sobre o seu show no teatro
Cesgranrio e um pouco sobre sua carreira, entrevistei o compositor, Gustavo Bertoni.
A seu ver, quais são
as razões do seu ganho de espaço como compositor?
R: É uma série de fatores. Difícil
resumir. Acredito que sempre lancei músicas com uma alta frequência e
constantemente me reinventando. Sou obcecado pelo processo criativo de
composição e estou sempre pesquisando sobre isso e me alimentando de qualquer
coisa que possa me instigar e inspirar para compor canções.
- Sempre gostei de tentar observar a vida
buscando padrões e repetição, excessos e faltas. E tentar entender a sinestesia
entre as linguagens que expressam essas coisas. Me incomoda as combinações
óbvias. Então acho um desafio muito interessante equilibrar o familiar e o
esquisito. Acho que lidar com alteridades é vital pra nossa evolução e a arte
ajuda e/ou provoca uma abertura a isso. Há também um aspecto terapêutico onde o
entorpecimento do momento de inspiração te permite acessar parte suas que,
racionalmente, não conseguiria.
O que você espera do
seu show no Cesgranrio e o que o público pode esperar no dia 23/10?
R: Esse meu show solo, por enquanto, é
bem intimista. É para ouvir o silêncio também. É para eu não precisar de
personagem. É para a gente lembrar do poder e completude da canção. Me sinto
muito à vontade nesse formato.
Como surgiu o seu
amor pela música e o que o motiva mais?
R: Comecei a fazer aula de violão aos 9
anos. Junto ao basquete, que sempre foi uma paixão. Foi crescendo e crescendo.
Já não imagino mais minha vida sem música. Porque música é arte. E a gente não
vive sem arte. Faz parte integral da vida humana.
Explique um pouco
sobre o “Folk”. O que é e como tem te influenciado?
R: Boa pergunta. Chutaria que o folk é
uma mistura da música folclórica da Irlanda e Inglaterra misturada com a música
africana/negra dos escravos norte-americanos.
É um estilo que sempre me pegou. Tanto a música Celta quanto o Blues.
Então faz sentido que o Folk seja tão natural para mim. Escuto e componho nesse
estilo desde moleque.
- Me deparei com algumas questões sobre o
estilo que me fizeram buscar um som mais autêntico. O folk-bucólico, é muito
estereotipado e americanizado. Foi fazendo menos sentido pra mim como
brasileiro vivendo em São Paulo. Passei a buscar um folk mais urbano e
cosmopolita. O esqueleto da canção tá lá enraizado no folk, mas os arranjos e a
forma de olhar pra ele mudou. Meu próximo disco vai ser no piano e quase nada
folk, aliás.
Como é ter
sido indicado ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock?
R: Gratificante.
A que se deve o seu
estilo mais sensível em alguns shows?
R: Acho que como frontman no Scalene,
por ser um show de rock pesado, eu sempre acessei um lado mais agressivo. Sou responsável
por fazer milhares de pessoas pularem, abrirem rodas punk etc. Eu gosto de
gerar essa catarse que envolve muito o corpo, o suor. Envolve sempre para eu
encarar um limite. E é uma delícia.
- Esse show solo é mais sobre sustentar a
imobilidade. Sentir delicadezas. Tá tudo no detalhe. Me permito viver o outro
lado da moeda. E também é legal estar sozinho no palco. Não dependo de nada nem
ninguém.
Você possui um projeto solo de composições em
português. Por que você considera ser um desafio?
R: Projeto solo é inglês e banda em
português. Compor em ambos idiomas é igualmente natural pra mim. Por compor em
português com o Scalene, nunca senti ser um problema compor em inglês solo.
Isso talvez mude daqui um tempo. Há logicamente uma barreira no inglês.
Qual o site no qual as pessoas podem adquirir
os ingressos para o seu show?
R: Através
da página do Sympla. Acesse aqui.