Foto: Claudia
Rosa de Oyá
História
Claudia Alice Xavier, mais conhecida como mãe Claudia Rosa de Oyá, nascida em São Paulo - Capital, é um dos
nomes que representa a religião de matriz africana no estado de São Paulo,
sendo nestes anos mais do que nunca, uma grande lutadora pela igualdade e o
respeito as religiões de matriz africana. É sabido que o preconceito e a
intolerância racial e religiosa, foram e tem sido uma das causas mais
discutidas e defendidas pela mãe Claudia do Ilê Asé Ojú Oyá (Casa
de Axé: "Os Olhos de Iansã"). A mãe está a frente da casa há 12
anos. É do conhecimento também que a mãe Claudia é um dos símbolos
de defesa da integração entre religiões e da busca pelo respeito que precisa
existir entre todos os segmentos religiosos. Seu Ilê (casa), fica no bairro de
Guaianases, zona leste do estado de São Paulo, no bairro de Guaianases, na
rua Bom Jesus da Penha 346. A paz é uma das coisas mais buscadas pela
humanidade desde que mundo é mundo, no entanto, a guerra pelo que se cunha
chamar de religião (religar), mais adequada trata-se da coisa mais inadequada
para os que conhecem a essência de uma religião. A ignorância cega e não deixa
que as pessoas percebam o quão perdidas estão. Assistam ao vídeo no qual a
mãe Claudia Rosa de Oyá fala sobre a intolerância religiosa:
Entrevista exclusiva com
mãe Claudia
Quando
surgiu o Ilê (casa)?
O Ilê foi fundado há 12 anos e encontra-se no bairro de Guaianases na
rua Bom Jesus da Penha 346, no estado de São Paulo.
O que a
senhora entende por Intolerância Religiosa?
Todo
o desrespeito a religião alheia é Intolerância. Todavia, a intolerância ao
candomblé se dá em razão de o condomblé ter advindo do povo negro. A bem da
verdade, o que sofremos é racismo religioso, pois todas as violências
vivenciadas pelo candomblé vêm do fato de ser uma religião, quase que majoritariamente,
negra. O candomblé é cultuado há mais de 2.000 anos e que se espalhou pelos
porões dos navios. Seja por meio dos hábitos alimentares, costumes trazidos e
passados de um para o outro. Na nossa religião se cultua a ancestralidade, pois
o respeito aos mais velhos é prioridade e quando desrespeitam a nossa fé, o
fazem aos nossos ancestrais, que tanto sofreram para perpetuar a sua fé.
O que
pensa sobre o Coronavírus dentro do contexto das religiões?
Trata-se
de um momento para se conscientizar, refletir, pensar e repensar, orar, meditar
sobre toda a maldade, ora praticada entre os seres humanos, o desamor e o
materialismo. Sem falar da importância do momento para a união entre os povos e
a integração, o fomento, promoção da fé, literalmente falando.
O que o
Ilê procura promover no dia a dia?
Educação social por meio de palestras, cursos, abrindo as portas para a
cultura e a saúde de modo a contribuir com a igualdade social. O Candomblé é uma
religião de matriz africana que foi moldada pelo povo escravizado, que chegaram
ao Brasil e tiveram que moldar sua religião a cultura brasileira, tendo em
vista que precisavam adequar seus ditames religiosos a cultura de um novo povo.
Há várias raízes que vieram com eles. Mãe Claúdia vem de raiz Oxú Marê.
Todavia existe várias outras raízes tais como: Efón, Raiz
cantoa, Casa Branca, Viva Deus, Opo Fonja, Muritiba, Jeje
marrin dentre outras.
Qual a
participação da senhora em projetos sociais e quais as perspectivas para o
futuro a frente do Ilê?
Procuro estar sempre presente nas atividades sociais, principalmente nos
movimentos das mulheres negras através da marcha mundial das mulheres negras.
Participo da RENAFRO ( Rede Nacional de Saúde nos Terreiros),
participo do mulheres de axé do Brasil enquanto conselheira
nacional e também como coordenadora do núcleo do estado de São Paulo, onde
temos uma coordenação tripartiti, constituída de três Ialorixás que
também são conselheiras nacionais; mãe Maria Emília de Oyá de
São Bernardo do Campo, Mameto Luidiiji e mãe Ofá.
Qual a
Importância da união entre as religiões?
Muito grande, pois a partir do momento em que houver a troca de
conhecimentos nestes tempos de Inter - religiosidade as coisas fluíram e a paz
reinará.
Há
quantos anos a senhora é mãe de santo?
Sou
mãe de santo há 15 anos, tendo 24 anos de santo feito.
Quais os
principais princípios de seu Ilê?
O
amor, a gratidão e o respeito.
Qual a
importância do estudo sobre a religião de matriz africana?
A
religião de matriz africana é passada de forma oral, pois não há escritos
registrados. Há antropólogos e historiadores, mas isto é recente diante de algo
que vem de 2000 anos atrás.
A senhora
tem alguma sugestão de cursos para entendimento da religião?
O melhor curso por assim dizer é você vir para a casa de candomblé e ser
um (abian) Abian é a pessoa não iniciada ao orixá, que apenas
frequenta o candomblé com a intenção de ser yao um dia. Yao é a pessoa
iniciada no orixá no candomblé. Ou seja, viver o candomblé no
seu dia a dia com suas dores, alegrias e harmonia diária é a forma mais
coerente de se conhecer a religião e seus fundamentos.
Redes
Sociais da mãe Claudia Rosa de Oyá
Instagram
do Ilê: https://www.instagram.com/ile_ase_oju_oya/
Reuniões
Em 2019 nos reunimos na Bahia para o primeiro encontro nacional do grupo
mulheres de axé do Brasil, onde tivemos a participação de aproximadamente 256
Ialorixás vindas de todo o Brasil. Retornamos deste encontro com a tarefa de
formarmos os núcleos estaduais e proceder os encontros de Mulheres de
Axé do Brasil, onde realizamos em 15/01/20 nosso primeiro encontro na
Câmara Municipal de São Paulo - SP, com a participação de cerca de 90 mulheres.
Foto: Yá Monadeosi, Yalasé Juçara lopes, Yá Maria Emilia e Yá Claudia Rosa

Foto: Claudia Rosa de Oyá
Encontros no Ilê Asé Ojú Oyá ( Casa de Axé:
"Os Olhos de Iansã") - Guaianases
Vale frisar que a respeitada, mãe Claudia Rosa de Oyá, recebeu no dia 07/02 na Câmara Municipal de São Paulo - SP, em solenidade, a premiação internacional, ibero-americano - Americano "A Trajetória do Nevado Solidario de Oro". Segue imagem abaixo:

Foto: Rosa
de OYÁ Claudia
Preceitos estabelecidos pela mãe Claudia:
IFÁ (CULTO) NOS ENSINA:
- òkànran:
Não fazer mal a ninguém
- Éjì
òkò: Não sentir ódio nem distratar o outro
- Etá
Ògúndá: Não guardar sentimento de vingança.
- Ìròsùn:
não fazer armadilhas nm caluniar;
- Òsé:
não invejar nada de ninguém
- Òbàrà:
não mentir
- Òdí:
não corromper nem se deixar ser corrompido
- Èjì
Onílè: usar bem a cabeça neste mundo e respeitar os segredos alheios
- ÒSÁ:
não ser falso consigo ou ao próximo
- Òfùn:
não roubar, não jurar em falso nem amaldiçoar.
- Òwónrín:
não matar, não arruinar a vida de outros e ser grato ao bem que nos façam
- Èjìlá
seborá: Evitar os escândalos e afastar-se de trajédias.
- Èjì
ológbon: respeitar os mais velhos e ancestrais.
- Ìká:
não espalhar doenças, a corrupção e a maldade sobre o mundo
- Ògbengúndá:
respeitar a todos, as crianças, o pai e a mãe;
- Àlàáfíà:
ouvindo estes conselhos não sentirá vergonha no dia que tiver que se
apresentar perante (o Deus supremo) Olódùmarè!
Ilê Asé Ojú Oyá (Casa de Axé: "Os Olhos de Iansã")
Claudia Rosa de OYÁ
Continuidade
Mãe Claudia possuí um papel elementar no contexto religioso, social e
econômico do estado de São Paulo. A mãe segue uma rotina árdua de muita luta
pela igualdade, prática da solidariedade a todos que a procuram, busca criar
pontes para vencer barreiras entre religiões, pois segundo ela, a integração e
a tolerância é a essência do amor ao próximo. Acrescenta ainda que somos mais
fracos para apoiar causas se divididos por causa da soberba ou pelo pseudo
achar de outrem que se intitula como o dono de uma pseudo verdade absoluta.
Trata-se de uma contradição sem precedentes, querer praticar o amor por meio do
ódio a religião alheia. É necessário o exercício em conjunto da solidariedade.
Umas das frases mais emblemáticas da mãe Claudia diante da pandemia
de Coronavírus, dentro do contexto das atividades de sua casa e em
todos os demais Ilês é: " Por que não beijar as mãos? O não beijar
as mãos não significa falta de respeito e axé, mas sim amor ao próximo e
prevenção no tocante ao Coronavírus.
Prevenção
contra o Coronavírus
Evitar
contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas;
Realizar
lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas
doentes ou com o meio ambiente;
Utilizar
lenço descartável para higiene nasal;
Cobrir
nariz e boca quando espirrar ou tossir;
Evitar
tocar mucosas de olhos, nariz e boca;
Higienizar
as mãos após tossir ou espirrar;
Não
compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;
Manter os
ambientes bem ventilados;
Evitar
contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;
Evitar
contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou
criações.
Fonte: RICMAIS.COM.BR
Mãe Claudia Rosa de OYÁ aproveita para salientar a nota de
cancelamento do "II ENCONTRO DE MULHERES DE AXÉ DO BRASIL",
que se daria entre o dia 26 e 29/03 no estado da Bahia,
foi cancelado em razão do Coronavírus. Para tanto, vem a público informar a
todas e todos que particicipariam do mesmo. Logo após a realização do nosso
primeiro encontro passamos a preparar a nossa participação no segundo encontro
nacional que se daria no Recôncavo Bahiano de 26 a 29 de março de 2020.
Em ofício abaixo, emitido no último dia 16/03 pela coordenadora nacional do
Mulheres de Axé do Brasil, por meio da ilustre, Yalasé Juçara Lopes
Pontes.
Finalizando
Qualquer forma de intolerância religiosa e racial só demonstra a
falta de respeito pelo próximo. Não adianta que venhamos astear a bandeira do
amor ao próximo se o tratamos com indiferença, quer seja pela religião, pela
cor da pele ou por qualquer outro motivo.
Instagram:
João Costa