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22 de março de 2020

A Intolerância Racial, Religiosa e o Coronavírus

    Foto:  Claudia Rosa de Oyá

História

    Claudia Alice Xavier, mais conhecida como mãe Claudia Rosa de Oyá, nascida em São Paulo - Capital, é um dos nomes que representa a religião de matriz africana no estado de São Paulo, sendo nestes anos mais do que nunca, uma grande lutadora pela igualdade e o respeito as religiões de matriz africana.  É sabido que o preconceito e a intolerância racial e religiosa, foram e tem sido uma das causas mais discutidas e defendidas pela mãe Claudia do Ilê Asé Ojú Oyá (Casa de Axé: "Os Olhos de Iansã"). A mãe está a frente da casa há 12 anos.  É do conhecimento também que a mãe Claudia é um dos símbolos de defesa da integração entre religiões e da busca pelo respeito que precisa existir entre todos os segmentos religiosos. Seu Ilê (casa), fica no bairro de Guaianases, zona leste do estado de São Paulo, no bairro de Guaianases, na rua Bom Jesus da Penha 346. A paz é uma das coisas mais buscadas pela humanidade desde que mundo é mundo, no entanto, a guerra pelo que se cunha chamar de religião (religar), mais adequada trata-se da coisa mais inadequada para os que conhecem a essência de uma religião. A ignorância cega e não deixa que as pessoas percebam o quão perdidas estão. Assistam ao vídeo no qual a mãe Claudia Rosa de Oyá fala sobre a intolerância religiosa:



Entrevista exclusiva com mãe Claudia 


Quando surgiu o Ilê (casa)?

    O Ilê foi fundado há 12 anos e encontra-se no bairro de Guaianases na rua Bom Jesus da Penha 346, no estado de São Paulo. 

O que a senhora entende por Intolerância Religiosa?

 Todo o desrespeito a religião alheia é Intolerância. Todavia, a intolerância ao candomblé se dá em razão de o condomblé ter advindo do povo negro. A bem da verdade, o que sofremos é racismo religioso, pois todas as violências vivenciadas pelo candomblé vêm do fato de ser uma religião, quase que majoritariamente, negra. O candomblé é cultuado há mais de 2.000 anos e que se espalhou pelos porões dos navios. Seja por meio dos hábitos alimentares, costumes trazidos e passados de um para o outro. Na nossa religião se cultua a ancestralidade, pois o respeito aos mais velhos é prioridade e quando desrespeitam a nossa fé, o fazem aos nossos ancestrais, que tanto sofreram para perpetuar a sua fé. 

O que pensa sobre o Coronavírus dentro do contexto das religiões?

 Trata-se de um momento para se conscientizar, refletir, pensar e repensar, orar, meditar sobre toda a maldade, ora praticada entre os seres humanos, o desamor e o materialismo. Sem falar da importância do momento para a união entre os povos e a integração, o fomento, promoção da fé, literalmente falando. 
  

O que o Ilê procura promover no dia a dia?

   Educação social por meio de palestras, cursos, abrindo as portas para a cultura e a saúde de modo a contribuir com a igualdade social. O Candomblé é uma religião de matriz africana que foi moldada pelo povo escravizado, que chegaram ao Brasil e tiveram que moldar sua religião a cultura brasileira, tendo em vista que precisavam adequar seus ditames religiosos a cultura de um novo povo. Há várias raízes que vieram com eles. Mãe Claúdia vem de raiz Oxú Marê. Todavia existe várias outras raízes tais como: EfónRaiz cantoaCasa BrancaViva DeusOpo FonjaMuritibaJeje marrin dentre outras. 

Qual a participação da senhora em projetos sociais e quais as perspectivas para o futuro a frente do Ilê?

   Procuro estar sempre presente nas atividades sociais, principalmente nos movimentos das mulheres negras através da marcha mundial das mulheres negras. Participo da RENAFRO ( Rede Nacional de Saúde nos Terreiros), participo do mulheres de axé do Brasil enquanto conselheira nacional e também como coordenadora do núcleo do estado de São Paulo, onde temos uma coordenação tripartiti, constituída de três Ialorixás que também são conselheiras nacionais; mãe Maria Emília de Oyá de São Bernardo do Campo, Mameto Luidiiji mãe Ofá.

Qual a Importância da união entre as religiões?

   Muito grande, pois a partir do momento em que houver a troca de conhecimentos nestes tempos de Inter - religiosidade as coisas fluíram e a paz reinará. 


Há quantos anos a senhora é mãe de santo?

 Sou mãe de santo há 15 anos, tendo 24 anos de santo feito. 


Quais os principais princípios de seu Ilê?

  O amor, a gratidão e o respeito. 


Qual a importância do estudo sobre a religião de matriz africana?

  A religião de matriz africana é passada de forma oral, pois não há escritos registrados. Há antropólogos e historiadores, mas isto é recente diante de algo que vem de 2000 anos atrás

A senhora tem  alguma sugestão de cursos para entendimento da religião?

   O melhor curso por assim dizer é você vir para a casa de candomblé e ser um (abian) Abian é a pessoa não iniciada ao orixá, que apenas frequenta o candomblé com a intenção de ser yao um dia. Yao é a pessoa iniciada no orixá no candomblé.  Ou seja, viver o candomblé no seu dia a dia com suas dores, alegrias e harmonia diária é a forma mais coerente de se conhecer a religião e seus fundamentos. 

Redes Sociais da mãe Claudia Rosa de Oyá





Reuniões

    Em 2019 nos reunimos na Bahia para o primeiro encontro nacional do grupo mulheres de axé do Brasil, onde tivemos a participação de aproximadamente 256 Ialorixás vindas de todo o Brasil. Retornamos deste encontro com a tarefa de formarmos os núcleos estaduais e proceder os encontros de Mulheres de Axé do Brasil, onde realizamos em 15/01/20 nosso primeiro encontro na Câmara Municipal de São Paulo - SP, com a participação de cerca de 90 mulheres.


Foto: Yá Monadeosi, Yalasé Juçara lopes, Yá Maria Emilia e Yá Claudia Rosa
  Foto: Claudia Rosa de Oyá

     Encontros no Ilê Asé Ojú Oyá ( Casa de Axé: "Os Olhos de Iansã") - Guaianases


Foto: mãe Claudia Rosa de Oyá

   Vale frisar que a respeitada, mãe Claudia Rosa de Oyá, recebeu no dia 07/02 na Câmara Municipal de São Paulo - SP, em solenidade, a premiação internacional, ibero-americano - Americano "A Trajetória do Nevado Solidario de Oro". Segue imagem abaixo:
Foto: Rosa de OYÁ Claudia 

Preceitos estabelecidos pela mãe Claudia:


IFÁ (CULTO) NOS ENSINA:

  1. òkànran: Não fazer mal a ninguém
  2. Éjì òkò: Não sentir ódio nem distratar o outro
  3. Etá Ògúndá: Não guardar sentimento de vingança. 
  4. Ìròsùn: não fazer armadilhas nm caluniar;
  5. Òsé: não invejar nada de ninguém
  6. Òbàrà: não mentir
  7. Òdí: não corromper nem se deixar ser corrompido
  8. Èjì Onílè: usar bem a cabeça neste mundo e respeitar os segredos alheios
  9.  ÒSÁ: não ser falso consigo ou ao próximo
  10. Òfùn: não roubar, não jurar em falso nem amaldiçoar.
  11. Òwónrín: não matar, não arruinar a vida de outros e ser grato ao bem que nos façam
  12.  Èjìlá seborá:  Evitar os escândalos e afastar-se de trajédias. 
  13.  Èjì ológbon: respeitar os mais velhos e ancestrais.
  14. Ìká: não espalhar doenças, a corrupção e a maldade sobre o mundo
  15.  Ògbengúndá: respeitar a todos, as crianças, o pai e a mãe;
  16. Àlàáfíà: ouvindo estes conselhos não sentirá vergonha no dia que tiver que se apresentar perante (o Deus supremo) Olódùmarè!

Ilê Asé Ojú Oyá (Casa de Axé: "Os Olhos de Iansã")
Claudia Rosa de OYÁ 


Continuidade

   Mãe Claudia possuí um papel elementar no contexto religioso, social e econômico do estado de São Paulo. A mãe segue uma rotina árdua de muita luta pela igualdade, prática da solidariedade a todos que a procuram, busca criar pontes para vencer barreiras entre religiões, pois segundo ela, a integração e a tolerância é a essência do amor ao próximo. Acrescenta ainda que somos mais fracos para apoiar causas se divididos por causa da soberba ou pelo pseudo achar de outrem que se intitula como o dono de uma pseudo verdade absoluta. Trata-se de uma contradição sem precedentes, querer praticar o amor por meio do ódio a religião alheia. É necessário o exercício em conjunto da solidariedade. Umas das frases mais emblemáticas da mãe Claudia diante da pandemia de Coronavírus, dentro do contexto das atividades de sua casa e em todos os demais Ilês é: " Por que não beijar as mãos? O não beijar as mãos não significa falta de respeito e axé, mas sim amor ao próximo e prevenção no tocante ao Coronavírus.    


Prevenção contra o Coronavírus

Evitar contato próximo com pessoas que sofrem de infecções respiratórias agudas;

Realizar lavagem frequente das mãos, especialmente após contato direto com pessoas doentes ou com o meio ambiente;

Utilizar lenço descartável para higiene nasal;

Cobrir nariz e boca quando espirrar ou tossir;

Evitar tocar mucosas de olhos, nariz e boca;

Higienizar as mãos após tossir ou espirrar;

Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, pratos, copos ou garrafas;

Manter os ambientes bem ventilados;

Evitar contato próximo a pessoas que apresentem sinais ou sintomas da doença;

Evitar contato próximo com animais selvagens e animais doentes em fazendas ou criações.


Fonte: RICMAIS.COM.BR


 Evento Cancelado

                                     


   Mãe Claudia Rosa de OYÁ aproveita para salientar a nota de cancelamento do "II ENCONTRO DE MULHERES DE AXÉ DO BRASIL", que se daria entre o dia 26 e 29/03 no estado da Bahia, foi cancelado em razão do Coronavírus. Para tanto, vem a público informar a todas e todos que particicipariam do mesmo. Logo após a realização do nosso primeiro encontro passamos a preparar a nossa participação no segundo encontro nacional que se daria no Recôncavo Bahiano de 26 a 29 de março de 2020. Em ofício abaixo, emitido no último dia 16/03 pela coordenadora nacional do Mulheres de Axé do Brasil, por meio da ilustre, Yalasé Juçara Lopes Pontes. 
                                               


Finalizando

   Qualquer forma de  intolerância religiosa e racial só demonstra a falta de respeito pelo próximo. Não adianta que venhamos astear a bandeira do amor ao próximo se o tratamos com indiferença, quer seja pela religião, pela cor da pele ou por qualquer outro motivo. 


Instagram:


João Costa



2 comentários:

  1. Nossa adorei essa entrevista , penso a mesma coisa do que D. Cláudia falou na entrevista .
    Precisamos voltar sermos mais humanos uns com os outros , não que não existe pessoas que não pense no próximo, mas a grande maioria estava pensando em si próprio, amor ao próximo, será que existi ainda ?
    E as pessoas , a sociedade está aprendendo amar uns aos outros agora depois dessa quarentena . Quero acreditar muito nisso.
    Vamos torce que o ser humano volte a ser mais humano .

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  2. Prezada leitora, Bianca Morouço! Gratidão pelas suas construtivas palavras. Tais palavras refletem a realidade atual e vão de encontro com a ideia central da matéria em pauta.

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