
Foto/Ana Toledo
Ana Toledo é Psicanalista, Escritora, Palestrante e Comunicóloga,
com extensão, na PUC-SP, em Neuropsicologia e Emoções. Cientista
Noética e criadora do “Método O Ciclo” de Performance Emocional e da
Terapia Noética.
Em meio a um contexto de relações
amorosas abusivas, isolamento social em razão da pandemia, que eu entrevistei
com exclusividade, a Escritora, Ana Toledo. Para mais informações
acessem as páginas da Escritora: Facebook, Twitter e Instagram.
Foto/divulgação
O
que são relações abusivas e como, onde elas se originam?
Ana Toledo - Se eu pudesse generalizar as relações abusivas,
diria que são relações em que há controle de uma das partes sobre a outra. Há inúmeras causas para um relacionamento se tornar abusivo. O machismo,
onde o homem acredita ser superior a mulher, o sexismo, onde a mulher é
considerada um ser inferior e incapaz, a misoginia que se caracteriza
pelo ódio à Mulher, são exemplos. Mas é importante destacar que o abuso não é
apenas representado pela figura masculina. Há mulheres abusadoras também. Temos
a misandria que é o ódio a pessoas do sexo masculino.
Quais
são os casos mais comuns que a senhora atende no consultório?
Ana
Toledo - Os mais comuns são das chamadas “mulheres que amam
demais”, que são aquelas que sofrem com o relacionamento, mas não conseguem se
libertar. “Mulheres que amam demais” é o nome de um livro que foi escrito pela
psicóloga Robin Norwood, em meados dos anos 80, e até hoje o é adotado
para designar o comportamento dessas mulheres. Existem várias razões que devem
ser analisadas, para que uma vítima de violência doméstica não consiga se
desvincular de seu abusador. É um tratamento difícil, porque há chance de
várias recaídas, dado ao fator viciante da relação. É um processo lento, mas
compensador, quando conseguimos ajudá-las a reiniciar suas vidas, de forma
saudável.
Como
identificar uma relação abusiva no começo de uma relação? Quais os
comportamentos que denunciam este aspecto?
Ana
Toledo - Como meu trabalho é mais ligado às vítimas femininas,
falarei sobre o abusador masculino.
a) Nenhum
relacionamento abusivo começa com agressões. Normalmente, o abusador é gentil e
se molda com a finalidade de ser o homem dos sonhos, de sua vítima.
b)
Os sinais são baseados no controle, como por exemplo, pedir para trocar a
roupa, porque está ousada, ou criticar amigos, dizendo que não gosta deles.
Coloca-se como protetor, tomando atitudes que diz ser para o bem de sua vítima.
c)
A vítima, por sua vez, sente-se cuidada e até gosta de dizer que seu
companheiro é ciumento, pois isso faz com que se sinta valorizada.
d)
As agressões começam com piadas de mau gosto, ofensas leves, ciúmes excessivos,
e vão até, em muitos casos, à agressão física. Vale destacar que violência
doméstica, nem sempre, é expressa por agressão física. Existem várias formas,
como: constrangimento, gritos, xingamentos, apelidos, desprezo, ordens, entre
tantas outras que procurem humilhar e/ou desvalorizar sua parceira. A perda de
liberdade, e principalmente o medo, são os maiores sinais de que se está em um
relacionamento abusivo.
Qual
o conselho que você dá para quem está em uma relação abusiva?
Ana Toledo - Seria muito fácil dizer “liberte-se”, mas
minha experiência deixa claro que não é tão fácil, assim. Isso porque, após uma
atitude violenta, o parceiro sempre oferece o que chamamos de “período
lua-de-mel”, onde se torna gentil, desculpa-se e promete não repetir o ato, mas
inverte a situação para que sua companheira se sinta culpada pelo que houve. A
vítima começa a se perguntar “e se eu não tivesse falado tal coisa” ou “e se eu
não tivesse feito tal coisa”, como se fosse possível que a violência sofrida,
pudesse ser justificada por algo. Essa confusão implantada pelo abusador,
realmente, a faz sentir-se responsável pelo que houve. Assim, vem o perdão e o
ciclo se repete por muitas e muitas vezes.
Essa é a grande dificuldade. É necessário que a vítima se conscientize de que
sua relação não envolve amor, e busque ajuda para libertar-se do vício em que
esse tipo de relação se transforma. Portanto, a única forma de conseguir a
liberdade, é com ajuda terapêutica e apoio de familiares e amigos, de quem ela
esconde sua situação, por ter vergonha.
A baixa
autoestima de uma pessoa pode influenciar na escolha e permanência em um
relacionamento abusivo?
Ana Toledo - Sim e muito. A baixa autoestima é um dos maiores
fatores. Como eu citei, anteriormente, a princípio as atitudes abusivas fazem a
vítima se sentir valorizada. Ela as considera como um cuidado e preocupação do
abusador, porque a ama e quer o melhor para ela. E isso só piora, pois o abuso
faz a autoestima diminuir cada vez mais. É comum que o abusador faça a vítima
crer que tem defeitos como incompetência, má aparência, ser uma companhia
desagradável e a convence de que, se for deixada por ele, ninguém mais a irá
querer.
- Temos, ainda, o famoso Gaslighting, do qual se voltou a falar
recentemente, e recebeu essa denominação por causa do filme de mesmo nome,
filmado nos anos 40 e refilmado nos anos 50.
- Nesse processo, o abusador convence a vítima de que ela está perdendo
sua sanidade, o que a deixa mais insegura para pensar em viver sem a proteção
de seu abusador.
O que de
fato impede as pessoas de serem felizes no amor?
Ana
Toledo - No
livro, abordo vários fatores que chamo de enganos e que vão desde a solidão,
até o apego e o abuso.
-
Seria impossível determinar um só engano, mas gosto de ressaltar que nada que
traga sofrimento, pode ser amor.
Qual o
propósito do seu livro: “Por Que o Amor Foge de Mim?”
Ana
Toledo -
Conscientizar as pessoas de que o Amor tem que fazer bem; tem que trazer Paz, e
que são responsáveis por suas más escolhas. Mas principalmente, que encontrar o
tão sonhado amor verdadeiro, é possível a todas as pessoas, e menos difícil do
que parece.
Onde
as pessoas podem encontrar o seu livro?
Ana
Toledo - Está
disponível em vários sites. No Brasil, posso citar o clubedeautores.com.br, americanas.com.br, submarino.com.br, mercadolivre.com.br.
Em outros países, acredito que o melhor seja na Amazon. É mais fácil de
adquirir.
O que a
levou a escrever o livro?
Ana
Toledo - Acompanhar
o sofrimento que a busca pelo amor, pode acarretar. É fácil notar que, mesmo
quando as pessoas têm sucesso em outras áreas, não conseguem se sentir felizes,
se não estiverem bem no amor. Parece incrível, mas é a verdade. Podem ter tudo,
mas sem um relacionamento em paz, estão sempre insatisfeitas.
Qual
a importância e os benefícios de quando as pessoas são felizes no amor?
Ana Toledo -
Elas encontram Paz. Prefiro falar em Paz do que em felicidade. A felicidade é
efêmera e feita de momentos que podem acabar em horas. A Paz é duradoura e,
mesmo em situações difíceis, não há perda de equilíbrio. Esse é o maior
benefício.
- O equilíbrio, em uma relação, é onde momentos bons e difíceis são
compartilhados, de igual a igual, com alguém em quem se confia. Uma
cumplicidade perfeita para caminhar e direção aos seus maiores objetivos, mesmo
que tenham objetivos diferentes. O respeito mútuo à individualidade e aos
sentimentos do outro. Isso é Paz em um relacionamento.
Instagram: @joaocostaooficial
João Costa