Em meio a um contexto de relações
amorosas abusivas, isolamento social em razão da pandemia, que eu entrevistei
com exclusividade, a Escritora, Ana Toledo. Para mais informações
acessem as páginas da Escritora: Facebook, Twitter e Instagram.
Foto/divulgação
Ana Toledo - Se eu pudesse generalizar as relações abusivas,
diria que são relações em que há controle de uma das partes sobre a outra. Há inúmeras causas para um relacionamento se tornar abusivo. O machismo,
onde o homem acredita ser superior a mulher, o sexismo, onde a mulher é
considerada um ser inferior e incapaz, a misoginia que se caracteriza
pelo ódio à Mulher, são exemplos. Mas é importante destacar que o abuso não é
apenas representado pela figura masculina. Há mulheres abusadoras também. Temos
a misandria que é o ódio a pessoas do sexo masculino.
Ana Toledo - Como meu trabalho é mais ligado às vítimas femininas, falarei sobre o abusador masculino.
a) Nenhum relacionamento abusivo começa com agressões. Normalmente, o abusador é gentil e se molda com a finalidade de ser o homem dos sonhos, de sua vítima.
b) Os sinais são baseados no controle, como por exemplo, pedir para trocar a roupa, porque está ousada, ou criticar amigos, dizendo que não gosta deles. Coloca-se como protetor, tomando atitudes que diz ser para o bem de sua vítima.
c) A vítima, por sua vez, sente-se cuidada e até gosta de dizer que seu companheiro é ciumento, pois isso faz com que se sinta valorizada.
d) As agressões começam com piadas de mau gosto, ofensas leves, ciúmes excessivos, e vão até, em muitos casos, à agressão física. Vale destacar que violência doméstica, nem sempre, é expressa por agressão física. Existem várias formas, como: constrangimento, gritos, xingamentos, apelidos, desprezo, ordens, entre tantas outras que procurem humilhar e/ou desvalorizar sua parceira. A perda de liberdade, e principalmente o medo, são os maiores sinais de que se está em um relacionamento abusivo.
Qual o conselho que você dá para quem está em uma relação abusiva?
Ana Toledo - Seria muito fácil dizer “liberte-se”, mas
minha experiência deixa claro que não é tão fácil, assim. Isso porque, após uma
atitude violenta, o parceiro sempre oferece o que chamamos de “período
lua-de-mel”, onde se torna gentil, desculpa-se e promete não repetir o ato, mas
inverte a situação para que sua companheira se sinta culpada pelo que houve. A
vítima começa a se perguntar “e se eu não tivesse falado tal coisa” ou “e se eu
não tivesse feito tal coisa”, como se fosse possível que a violência sofrida,
pudesse ser justificada por algo. Essa confusão implantada pelo abusador,
realmente, a faz sentir-se responsável pelo que houve. Assim, vem o perdão e o
ciclo se repete por muitas e muitas vezes.
A baixa autoestima de uma pessoa pode influenciar na escolha e permanência em um relacionamento abusivo?
Ana Toledo - Sim e muito. A baixa autoestima é um dos maiores fatores. Como eu citei, anteriormente, a princípio as atitudes abusivas fazem a vítima se sentir valorizada. Ela as considera como um cuidado e preocupação do abusador, porque a ama e quer o melhor para ela. E isso só piora, pois o abuso faz a autoestima diminuir cada vez mais. É comum que o abusador faça a vítima crer que tem defeitos como incompetência, má aparência, ser uma companhia desagradável e a convence de que, se for deixada por ele, ninguém mais a irá querer.
- Temos, ainda, o famoso Gaslighting, do qual se voltou a falar recentemente, e recebeu essa denominação por causa do filme de mesmo nome, filmado nos anos 40 e refilmado nos anos 50.
- Nesse processo, o abusador convence a vítima de que ela está perdendo
sua sanidade, o que a deixa mais insegura para pensar em viver sem a proteção
de seu abusador.
- Seria impossível determinar um só engano, mas gosto de ressaltar que nada que traga sofrimento, pode ser amor.
Qual o propósito do seu livro: “Por Que o Amor Foge de Mim?”
Ana
Toledo -
Conscientizar as pessoas de que o Amor tem que fazer bem; tem que trazer Paz, e
que são responsáveis por suas más escolhas. Mas principalmente, que encontrar o
tão sonhado amor verdadeiro, é possível a todas as pessoas, e menos difícil do
que parece.
Ana Toledo - Está disponível em vários sites. No Brasil, posso citar o clubedeautores.com.br, americanas.com.br, submarino.com.br, mercadolivre.com.br. Em outros países, acredito que o melhor seja na Amazon. É mais fácil de adquirir.
O que a levou a escrever o livro?
Ana
Toledo - Acompanhar
o sofrimento que a busca pelo amor, pode acarretar. É fácil notar que, mesmo
quando as pessoas têm sucesso em outras áreas, não conseguem se sentir felizes,
se não estiverem bem no amor. Parece incrível, mas é a verdade. Podem ter tudo,
mas sem um relacionamento em paz, estão sempre insatisfeitas.
Ana Toledo - Elas encontram Paz. Prefiro falar em Paz do que em felicidade. A felicidade é efêmera e feita de momentos que podem acabar em horas. A Paz é duradoura e, mesmo em situações difíceis, não há perda de equilíbrio. Esse é o maior benefício.
- O equilíbrio, em uma relação, é onde momentos bons e difíceis são compartilhados, de igual a igual, com alguém em quem se confia. Uma cumplicidade perfeita para caminhar e direção aos seus maiores objetivos, mesmo que tenham objetivos diferentes. O respeito mútuo à individualidade e aos sentimentos do outro. Isso é Paz em um relacionamento.
Instagram: @joaocostaooficial
João Costa
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