Imagem: Ana Silva
Ana Luísa Oliveira Dias da Silva é Fisioterapeuta pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto em Portugal, com formação Pilates Clínico Matwork level 1, 2, Saúde na Mulher e Class Instructor, Porto - Portugal, Formação Terapia Manual – Conceito de P.O.L.D. na Coluna, Tórax e Extremidades, Terapia Manual – Manipulação Vertebral, formação Vacuoterapia Coluna e Extremidades – e atualmente, é Fisioterapeuta, Técnica Responsável na Clínica Ana Silva, Paredes-Porto em Portugal.
Com a pandemia da Covid-19 muitas pessoas passaram a ter problemas de saúde ligados a coluna, dentre outros. Foi pensando nisso que eu entrevistei, com exclusividade, a Fisioterapeuta portuguesa, Dra. Ana Silva para falar sobre pilates clínico e esclarecer alguns dos principais problemas ligados à coluna, e a importância das atividades físicas. Para obterem mais informações acessem as páginas: Clínica Ana Silva. Instagram e Facebook .
O
que é Pilates Clínico e quais os seus principais benefícios em um momento de
pandemia dado o aumento do sedentarismo?
Ana Silva - O pilates clínico consiste, principalmente, em exercícios, que atuam na prevenção de lesões e/ou evitam a progressão de uma patologia da coluna vertebral e extremidades. Desempenha outras funções, como, o aumento da performance em atletas, corrige a postura através da noção da posição do corpo no espaço, trabalha a respiração diafragmática, ativa os músculos profundos e superficiais na sequência correta e ajuda na concentração.
- Os benefícios
do pilates clínico são, sobretudo, a nível físico, como diminuição da dor, da
rigidez articular, muscular e fascial, contribuindo também, com uma quota parte
para a componente mental e social. O pilates clínico através da concentração da
noção corporal, ajuda a pessoa a focar-se no essencial, auxiliando o organismo
a libertar substâncias que promovem o prazer/relaxamento, diminuindo assim, a
ansiedade e estados depressivos que estão correlacionados com o sedentarismo.
O que é e qual a
conexão entre Pilates clínico e as relações psicológicas e sociais?
Ana Silva - Como referido anteriormente, o pilates clínico é um conjunto de exercícios terapêuticos que influenciam a parte física, mas sem dúvida a parte mental, e por sua vez, social. Passo a explicar, se uma pessoa sabe que tem de se “desligar do mundo” para se concentrar no exercício e na posição corporal no espaço, o cérebro acaba por se focar nas informações e experiências que está a receber, logo, este centraliza-se no essencial, que neste caso é o corpo, colaborando assim com a mente. Social, porque a pessoa sendo enquadrada numa pequena classe, apercebe-se que todas as pessoas que estão no pilates clínico têm um objetivo, que pode ser comum, mas também tem a parte da generosidade de uns para com os outros, promovendo assim uma comunicação mais presencial e empática, contribuindo para a saúde e bem-estar.
Quais os benefícios
produzidos da junção do Pilates clínico e as relações sociais na vida do ser
humano?
Ana Silva - Esta relação pilates clínico/parte social aumenta e aperfeiçoa a qualidade de vida da própria pessoa. Se esta se encontra com menos dor muscular e articular, se consegue mobilizar-se sem grandes gastos de energia e com qualidade de movimento, o humor, a paciência e compreensão aumenta, desenvolvendo deste modo, a sua comunicação verbal e não-verbal e no saber estar para com os outros. Os resultados de uma aula de pilates clínico são sempre corporais e mentais, por conseguinte, social.
Em um artigo, cujo
tema foi: “Pilates clínico e as Relações Psicossociais”, a senhora falou que
“Pilates clínico não é só movimento, alinhamento, respiração, e só trabalhar os
músculos e concentração, mas muitos mais”. A luz desta afirmação no que mais o
Pilates clínico pode ajudar as pessoas?
Ana Silva - No pilates clínico as pessoas percebem que, não são só eles próprios que têm problemas e que, de certa forma faz com que cada pessoa seja solidária com o próximo, aumentando a sua capacidade de saber comunicar. Isto acontece, porque, as classes do pilates clínico na nossa clínica são grupos muito pequenos. Existe um desenvolvimento social, inter e intrapessoal.
- As pessoas aumentam a autoestima, porque
neste local, não existem problemas em errar na forma de entender o exercício ou
de ainda não conseguirem executá-lo. Aprendem a lidar com as pequenas frustrações
e com perseverança alcançam assim os seus objetivos. E desta forma, reflete-se
para cada um de nós. O paciente cresce, mas sem dúvida que o fisioterapeuta
também.
Quais são as
principais queixas de seus pacientes na pandemia e quais têm sido as suas
orientações?
Ana Silva - As principais queixas
são sempre a dor e a incapacidade de fazer algo das suas tarefas diárias. Nesta
fase da pandemia mantém-se, contudo, as pessoas referem que a falta de
movimento proporcionou o estado de rigidez e acentuou a dor. Todavia a era
digital desenvolveu ainda mais as aulas online, melhorando a saúde pública e a
economia do país.
Qual o conselho que a senhora dá as pessoas, sobretudo, idosos que possuem algum problema na coluna e que se veem sem muitas alternativas de exercícios em meio a pandemia?
Ana Silva - O exercício é muito
importante em qualquer fase da vida. Existem vários tipos de modalidades. Para
as idades dos adultos mais velhos e quem têm problemas de coluna aconselho
exercícios de baixo impacto, como a caminhada, dança, bicicleta, pilates
clínico e exercícios terapêuticos.
Quais são os
principais exercícios que as pessoas podem fazer em suas casas em razão do
isolamento social?
Ana Silva - Por exemplo, marcha
estática, enquanto veem televisão, pois aumenta o trabalho cardiorrespiratório
e a resistência, bem como, a mobilidade de todo o corpo. Outro, sentado numa
cadeira, a ponta do pé sobe e desce, como se estivessem a bater com o pé no
chão e depois levantar os calcanhares, deixando a ponta dos pés no chão. Estes
dois últimos exercícios ajudam a fortalecer os músculos das pernas e ativar a
corrente sanguínea, melhorando o cansaço e mal-estar dos membros inferiores.
Quais os cuidados antes de se começar a fazer alguma atividade física e quais os critérios para a escolha de um bom fisioterapeuta?
Ana Silva - Ter consciência do seu
problema físico e adequar os exercícios para esse mesmo problema. De forma
geral, com ou sem patologia, as pessoas devem fazer um bom aquecimento e ter
uma postura correta do corpo, desta forma evitam lesões.
- Relativamente à segunda questão, é muito subjetiva, cada fisioterapeuta é um fisioterapeuta, por este motivo existem diferenças. Os procedimentos são diferentes, mas sem dúvida alguma que o fisioterapeuta quando aplica exercícios deve ter uma sequência e acima de tudo pensar na pessoa como um todo e não só naquele grupo muscular. Uma escuta ativa é fundamental associado ao saber no adequar o exercício para aquele paciente e momento.
Como as pessoas podem obter mais orientações e até mesmo ter um teleatendimento com a senhora?
Ana Silva - Podem procurar-me através das redes sociais, facebook, Instagram, LinkedIn, Youtube que está tudo indicado no nosso site: clinica-anasilva.pt. Temos aulas de pilates clínico online, caso necessitem.
Em meio a um momento
tão delicado de pandemia, quais foram os seus maiores desafios?
Ana Silva - Incentivar as pessoas
a terem responsabilidade cívica para que tudo pudesse correr pelo melhor, pela
saúde pública e economia do país.
Houve a necessidade
de se fazer uma adequação nos atendimentos com base nos protocolos de segurança
sanitária? Quais foram?
Ana Silva - No meu caso, na
clínica, já praticávamos mais de metade das regras sanitárias. A maior mudança,
nesta pandemia, de facto foi no uso da máscara dos profissionais e pacientes,
na higienização das mãos dos pacientes. Desinfeção de todo o material do
ginásio e o local onde os pacientes deixam o seu vestuário e sacos, a
ventilação mecânica forçada sempre ligada e a entrada só do paciente no
gabinete. Os outros cuidados não mencionados mantêm-se, como sempre.
Qual é o segredo de
se ter sucesso na sua profissão?
Ana Silva - A minha entrega para
com os pacientes. O profissional de saúde, acima de tudo deve amar o que faz,
gostar de pessoas, ser empático e ter uma escuta ativa.
O que lhe move fazer
um trabalho na área de saúde que demanda dedicação, por vezes, absoluta?
Ana Silva - No meu caso, o que me
move é algo inato. Mas acima de tudo gostar de ser útil e ajudar quem me
procura e quem me segue nas redes sociais a sentirem-se mais orientadas. Muitas
vezes é difícil, mas se é esse o nosso caminho, então deve ser em absoluto, o
nosso desempenho.
Quais os seus conselhos
para quem se sente desmotivado em fazer alguma atividade de movimento com o
corpo?
Ana Silva - Essas pessoas têm de
ser elucidadas o quão é importante o movimento para o nosso corpo e mente. O
movimento é o nosso “alimento” diário. Portanto, todos os dias que não façamos
nenhuma atividade física, estamos a fazer jejum ao nosso corpo, como,
articulações, ligamentos, músculos, fáscia, discos intervertebrais, circulação
sanguínea e linfática, entre outros.
- Cada dia será um dia de degradação e de menos qualidade de vida até para as tarefas mais simples. Por este e muitos outros motivos indico movimento saudável, como caminhada, dança, bicicleta, pilates clínico, escalada...
Considerações
finais?
Ana Silva - Cada dia que passa em
que não nos cuidamos, estamos a degradar a saúde pública e acima de tudo
agravar as despesas do nosso país. Cada ato tem uma consequência. Por este
motivo, façamos a diferença, contribuamos com o nosso melhor para nós mesmos e
para os outros.
“Promovam o MOVIMENTO,
promovam qualidade de vida. E acima de tudo cuidem-se uns aos outros”.
Instagram: @joaocostaooficial