Foto: divulgação
Vedado
pelo Tribunal Superior Eleitoral, o levantamento ou sondagem de opiniões não
reflete a real intenção de voto do eleitorado
Com a chegada do ano eleitoral é comum vermos muitas pessoas questionando a confiabilidade das pesquisas que mostram como está o cenário para a corrida presidencial, bem como aquelas que apresentam dados sobre os candidatos a governadores, senadores e deputados federais, estaduais e distritais. O que poucos sabem é que as pesquisas de intenção de voto são indispensáveis para o andamento das eleições.
Os dados coletados em
pesquisas eleitorais auxiliam o público em geral a analisar o cenário
pré-eleição e as possibilidades que cada político tem de vencer. Além disso, é
uma estratégia utilizada pelos partidos políticos como avaliação das
estratégias e chances de cada candidato. Por utilizarem métodos científicos
para obtenção dos dados, as pesquisas refletem, de forma fidedigna, a intenção
de voto da população brasileira.
No entanto, por não saberem
como funciona o processo de pesquisa eleitoral e as etapas que definem as
variáveis (características que representem a maior parte da população, como:
gênero, raça, escolaridade, etc) e a amostragem (grupo de pessoas com as
particularidades definidas como variáveis selecionadas a partir de dados do
IBGE), facilmente surgem dúvidas sobre a diferença entre enquete e pesquisa.
Proibida pelo Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) em períodos de campanha eleitoral, a enquete ou
sondagem não é realizada com a preocupação de selecionar uma amostragem fiel ao
universo que irá representar e não utiliza métodos pensados para eliminar os
vieses (erros sistêmicos). Em outras palavras, a enquete nada mais é do que uma
coleta de opiniões de um grupo específico que se prontificou, espontaneamente,
a responder determinadas questões.
“A pesquisa eleitoral tem
um caráter importante para auxiliar o cidadão em quem votar. Diferentemente de
enquetes que você pode encontrar e votar em sites e redes sociais, as pesquisas
eleitorais envolvem uma metodologia estatística para que seus resultados
reflitam de forma fidedigna a intenção de voto da população brasileira”,
explica Diego Oliveira, CEO da Youpper Insights, empresa especializada em
Pesquisa de Mercado, Planejamento de Marketing e Relacionamento.
As pesquisas eleitorais não
se baseiam em dados absolutos, ou seja, os valores, opiniões, dados, entre
outras informações coletadas através das entrevistas apresentam estimativas, já
que variam conforme a opinião pública e, também são impactadas pelo andamento
das campanhas eleitorais (debates, comícios, propostas, entre outras coisas
mais). Por isso, todos os resultados são acompanhados com margem de erro, um
cálculo que apresenta a quantidade máxima de erro que os dados obtidos podem
ter, o padrão utilizado nas pesquisas é de 2 pontos percentuais, para mais ou
para menos.
“Os resultados podem
interferir no jogo político, graças a comportamentos como o voto útil, por
exemplo, que é quando o eleitor deixa de votar no candidato de sua preferência
porque considera que ele não tem chances de vencer ou chegar ao segundo turno.
Por isso, os principais veículos de comunicação do país optam por enfatizar
pesquisas com maior amostragem e melhor plano amostral, que costumam ter
resultados mais confiáveis”, complementa Diego Oliveira, CEO da Youpper
Insights.
Como são feitas as
pesquisas eleitorais?
Diego Oliveira, CEO da
Youpper Insights, empresa especializada em Pesquisa de Mercado, Planejamento de
Marketing e Relacionamento, explica como funciona a metodologia de apuração
aplicada durante todo o período de eleições. “As principais pesquisas
eleitorais costumam incluir uma pergunta espontânea e outra estimulada”,
explica.
De modo geral, a abordagem
espontânea consiste em perguntar ao entrevistado qual seria a sua opção de voto
para um cargo específico sem dar alternativas de candidatos. Diego Oliveira
explica que esse tipo de pesquisa ajuda a medir o conhecimento e lembrança
prévios dos eleitores em relação aos candidatos e exemplifica: “se as eleições
fossem hoje, em quem você votaria para [cargo em disputa]?”
Já na pesquisa estimulada,
o entrevistado escolhe sua opção de voto entre as alternativas impostas pelo
entrevistador. Nesse caso, a abordagem é utilizada para medir a força dos
candidatos em determinados cenários de confronto. Diego Oliveira aponta que um
exemplo comum de perguntas realizadas neste tipo de entrevista é “se as
eleições fossem hoje e os candidatos fossem esses, em quem você votaria?”.
A seleção dos entrevistados
é feita com base nos dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), o instituto de pesquisa contratado para realizar a
abordagem seleciona um grupo de pessoas com características que representem
toda a população, como idade, renda, gênero, escolaridade, entre outros
atributos. Após essa captação de dados, os entrevistadores entram em contato
com as pessoas e a entrevista pode ser feita na rua (em locais de grande
circulação) ou na própria residência do entrevistado.
Com relação à contratação das pesquisas, a encomenda pode ser realizada por grupos políticos, instituições financeiras, grupos de mídias e também por instituições financeiras privadas para monitorar a situação dos candidatos. Porém, antes da divulgação dos dados colhidos, a pesquisa precisa ser registrada na Justiça Eleitoral em até cinco dias antes da publicação.
As empresas responsáveis
pela realização da pesquisa precisam encaminhar um documento com as seguintes
informações: Quem contratou a pesquisa; Nome de quem pagou pela realização do
trabalho; Cópia da nota fiscal; Valor e origem dos recursos; Metodologia e período
de realização da pesquisa; Plano amostral; Ponderações estatísticas; Intervalo
de confiança e margem de erro; Sistema interno de controle e verificação,
conferência e fiscalização da coleta de dados e o Questionário aplicado.
Uma pesquisa confiável deve
seguir todas as diretrizes determinadas pelo TSE, nenhum resultado é 100%
preciso, mas “é importante que todos saibam que existe ciência e método por
trás das pesquisas, de modo que, mesmo consultando apenas um pequeno percentual
da população brasileira (amostra), seus resultados sejam próximos da real
intenção de voto do eleitorado”, finaliza Diego Oliveira, CEO da Youpper
Insights.
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